
- Em 22/09/2016
- Por Caroline Ferroni
- Tags crise econômica, mercado de trabalho
Impacto da crise no mercado de trabalho e suas novas exigências
Se tem algo muito comentado nos últimos tempos em nosso país, esse assunto é a crise! Não há dúvida de que essa é uma preocupação nacional e que tem afetado (e muito) toda a estrutura do Brasil. Diversos setores e mercados foram atingidos e alguns até mesmo devastados por ela. O mercado de trabalho vem sentindo os seus efeitos dia após dia, efeitos esses que deixarão marcas no setor de contratação.
Depois de uma época extremamente favorável para a geração de empregos e que impulsionou muito a contratação, principalmente de engenheiros, o fantasma da crise veio para derrubar toda a aceleração e essa geração de emprego. Hoje está mais difícil conseguir um lugar nas empresas por conta da crise financeira enfrentada pelo país.
Ok, mas como chegamos até esse estado?
Em uma época de bons frutos para o país, houve o aumento salarial, que passou de um mínimo de R$622 para R$788. A inflação também cresceu, porém não tanto quanto a renda. Acompanhado de juros baixos, o poder de compra do brasileiro aumentou e, consequentemente, seu nível de consumo impulsionou a produção que exigiu mais pessoas trabalhando.
Isso foi ótimo, certo? Sim! Porém, o erro foi que a produtividade dos trabalhadores não acompanhou esse crescimento, fazendo com que a produção industrial “per capita” caísse. Assim, com a chegada da crise (que já estava presente em outros países) o brasileiro estava endividado e o governo, devido aos grandes incentivos aos setores, também. O preço dos commodities abaixaram porque a demanda caiu no Brasil e no exterior, os juros e a inflação tiveram crescimento e isso consequentemente dificultou o consumo.
Dessa forma, ocorreu um efeito cascata: as empresas sofreram queda nas vendas e diminuíram sua produção e, consequentemente, seu resultado se tornou negativo. Isso levou à estratégia de corte de gastos – sendo o corte de funcionários o mais comum deles.
Com a redução na oferta de empregos houve um aumento significativo de desocupados no país. São classificados como “desocupados” aqueles que, no período em que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) foi realizada, se encontravam desempregados e à procura de um emprego nos últimos 30 dias.
Os resultados dessa pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no 2º trimestre de 2016, a maior parcela de desocupação é representada por adultos entre 25 e 39 anos (35%), sendo seguida pelos jovens entre 18 e 24 anos (32,5%).
Outra informação preocupante é a taxa de desocupação – percentual de desocupados em relação às pessoas na força de trabalho – representada pelos jovens entre 18 e 24 anos (24,5%), que está muito acima da taxa do país, que é de 11,3%.
Como está o mercado de trabalho atual
Todo esse impacto gerado pela crise causou um excesso de candidatos por vaga de emprego oferecida. O jornal O Globo, em uma de suas reportagens, afirmou que o número de candidatos triplicou, muitos deles quase sem experiência e/ou qualificação profissional.
Do outro lado, com a crise atual, as empresas vêm reduzindo e realocando recursos de modo a minimizar seus custos, o que faz com que as vagas ofertadas diminuam drasticamente.
Com a redução do número de vagas e o aumento da disponibilidade de recursos humanos, o cenário ficou favorável para os empregadores, que passaram a ter disponível profissionais que ofereçam mais por menos. Ou seja, aqueles que conseguem realizar mais entregas pelo mesmo salário, ou até inferior. Assim, um funcionário que antes era contratado para realizar apenas uma atividade, tem adicionado em sua descrição de cargos cada vez mais funções, para que haja menor demanda por contratação.
Nesse cenário, muitos profissionais com ampla experiência têm aceitado vagas com salários menores e concorrendo diretamente com jovens que estão adentrando o mercado. Dessa maneira, o jovem que vem há anos tentando conquistar seu espaço no mercado de trabalho retrocede em suas conquistas quando não chega no mercado de trabalho bem preparado.
O que o mercado de trabalho está exigindo dos profissionais
Para garantir uma vaga nesse mercado tão restrito que se tem observado, é preciso se destacar em processos seletivos, demonstrando conhecimento e experiência no que está falando e em como está agindo.
Além do conhecimento técnico na área que você está construindo a sua carreira, os recrutadores observam diretamente habilidades que na Enteléquia tratamos e conhecemos como softskills. São aquelas capacidades que não estão diretamente relacionadas ao conhecimento técnico envolvido em uma atividade, mas sim com habilidades humanas ou que possam facilitar o trabalho e permitir que você potencialize o desempenho da organização.
Listamos, a seguir, algumas das habilidades conhecidas como softskills que os recrutadores mais esperam dos profissionais que participam dos processos seletivos:
Conhecimento em informática
Conhecer o famoso pacote Office é fundamental para qualquer cargo que se deseja assumir. Além disso, dependendo do cargo em que se candidata, existe a exigência de softwares mais específicos e técnicos, por exemplo, Microsoft Project, Photoshop, SketchUp, entre outros. Se os seus concorrentes possuírem esse tipo de conhecimento e você não, está 1×0 para eles!
Boa comunicação e oratória
Se trata tanto da comunicação escrita quanto da oral. Geralmente os recrutadores priorizam aqueles que possuem maior clareza e objetividade em sua comunicação. Se você não se sente seguro nessa parte, ficar calado ou em cima do muro no momento do processo seletivo não é a solução! Os empregadores querem conhecer seus candidatos e quanto mais do seu potencial você explorar, maior serão as chances da contratação. É muito importante tomar cuidado para não ser uma pessoa prolixa (aquele famoso “rodar em torno de um assunto”), pois também falar muito não significa que você se saiu bem.
Pró-atividade
No ambiente empresarial, os gestores esperam de um profissional iniciativa e autonomia suficiente para realizar seus processos diários, sem criar dependência de seu superior. Assim, o gestor é capaz de concentrar maiores esforços em suas próprias atividades, confiando mais no trabalho realizado por seus colaboradores.
Liderança
O espírito de liderança pode ser fator decisivo para o progresso de uma organização. Mesmo que não seja o superior de um grupo de pessoas, pessoas com a habilidade de liderança são capazes de incentivar as equipes e seus pares, transformar o ambiente de trabalho em um local positivo, além de possuir muito conhecimento que agrega à empresa. Não é à toa que é uma das competências mais valorizadas no mercado de trabalho atual e, ao mesmo tempo, considerada escassa pelos recrutadores.
Visão Sistêmica
É a capacidade de enxergar a empresa como um todo e compreender como o seu trabalho influencia em toda a estrutura, não apenas uma visão de um grupo dividido em departamentos. Para as empresas atuais, essa é uma competência essencial principalmente para quem deseja ocupar os cargos de liderança de uma organização ou que esteja relacionado com a tomada de decisão.
Gerenciamento de Projetos
Atualmente, as empresas que buscam a melhoria contínua e alto desempenho possuem projetos ou são estruturadas para realizar suas entregas em formatos de projetos. Por isso, é essencial que o profissional conheça metodologias de gerenciamento de projetos. O método mais conhecido é o presente no guia PMBOK, do PMI, mas em algumas áreas como Software ou Marketing, é muito utilizado o conceito do SCRUM ou o Gerenciamento Ágil de Projetos.
Além das habilidades técnicas e humanas, é muito valorizado também a experiência e vivência prática. Intercâmbios, mobilidade acadêmica, participação em projetos voluntários e de empreendedorismo e organização de eventos, por exemplo, são ótimos exemplos que podemos encontrar nas universidades. Além de proporcionar um maior desempenho na empresa, tudo isso demonstra o seu compromisso com a formação e com o aprendizado contínuo, que deve ser um hábito constante em nossa carreira.
Agora, se você ainda está esperando para se capacitar ou até agora não se preocupou com seu currículo, converse com profissionais mais experientes que já estão no mercado e busque entender o que as empresas que você gostaria de trabalhar estão procurando.
Na Enteléquia, nós estamos constantemente promovendo eventos gratuitos focados em softskills com o objetivo de preparar profissionais mais capacitados para o mercado de trabalho. Comece a se aprimorar conhecendo mais de Gerenciamento de Projetos através da nossa “Trilha de Projetos”.
Nós explicamos melhor sobre os webinários da trilha nesse nosso outro post, e você pode acessá-los aqui.